De acordo com os próprios autores, Skazki é um zine – pelo menos é a informação que fisguei no blog da Graffiti 76% Quadrinhos. Para quem não sabe, a Graffiti foi uma das mais importantes revistas nacionais, responsável por revelar e divulgar diversos autores independentes. Foram 23 edições, de 1995 a 2012, até que os editores resolvessem partir para novas empreitadas.
Citar
a Graffiti aqui faz todo sentido, uma vez que Skazki tem a intenção de celebrar os vinte anos da antiga revista.
Fabiano Barroso e Piero Bagnariol são seus fundadores, autores também da graphic
novel Um Dia Uma Morte (que já
adquiri com o próprio Fabiano e em breve irei “diagnosticar” no Consultório). E
eles se uniram novamente para fazer as três histórias presentes nesse volume.
Como
disse lá em cima, trata-se de um zine – ou fanzine, termo tido por alguns como
desgastado, e que parece ser sinônimo de revista amadora. Contudo,
pesquisadores como Gazy Andraus e Henrique Magalhães são só alguns dos nomes
que tem feito palestras e mesmo livros resignificando o sentido por trás desse
tipo de publicação (a própria Graffiti, que muitos achavam ser um fanzine,
ajudou a enterrar a ideia de que se tratava de um formato pouco profissional,
graças a sua ótima qualidade gráfica e editorial).
Quanto
às histórias, tratam-se de adaptações de contos literários antigos. Todos
russos, algo fácil de notar tanto pelo nome da revista (Skazki quer dizer “histórias”,
ou “contos”, ou “contos de fada”) quanto pela capa de Daniel Bueno
(originalmente publicada no livro Russian
Avantgarde).
Os
contos adaptados são: “Um Crime Premeditado”, de Anton Tchekhov; “O Círculo
Luminoso”, de Helena P. Blavatsky e “Pássaro
de Fogo”, de autoria indefinida (este último, reescrito e ilustrado por
Fabiano).
A
adaptação de Tchekhov, feita por Fabiano, ressalta o tom de humor já a partir
do belo traço caricato, dialogando de maneira eficaz com o conto original. Já
na adaptação de Blavatsky feita por Piero, o traço é sóbrio, adequado para o
tom enigmático e místico da obra da autora.
A
obra fecha com o ótimo artigo “Adaptação literária em quadrinhos: um retweet
pra lá de criativo”, de Fernanda Isabel Bitazi. Ali, ela retoma discussões de
Linda Hutcheon e Paulo Ramos para tratar das adaptações literárias no formato
de HQ – tema, por sinal, sobre o qual Fabiano Barroso também pesquisa, com artigos
publicados em livros como Clássicos em HQ
(editora Peirópolis, 2013).
A
revista é editada pela dupla, com 42 páginas, aparentemente num papel pólen, e
impressa no método da risografia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário