O personagem
Doutor
Poizé é um personagem criado por mim, Rafael Senra. Trata-se de um médico
diferente: em vez de diagnosticar e prescrever pacientes, ele realiza consultas
com personagens e conteúdos da cultura de massa. Revistas, filmes, discos...
tudo isso irá figurar em nossos prontuários.
Para
batizar este pitoresco clínico, misturei duas referências do meu passado. A
primeira veio da época em que fiz graduação, e algumas amigas me apelidaram de “pode crer” – era uma expressão que eu usava
sem muito limite nas conversas.
A
outra referência vem de um personagem que criei em meados do ano 2000, chamado Zé Pintassilgo. Eu e o amigo Juninho Queiroz
criamos a dupla Zé Pintassilgo & Sabiá Jr., e na época gravamos o CD The Best Of – com paródias de músicas
famosas vertidas para o sertanejo. Era super mal gravado e tosco, mas talvez
por isso mesmo fez sucesso entre os amigos.
O inigualável Zé Pintassilgo, em 2006, diante de sua maior paixão: o dinheiro. |
Anos depois, por volta de 2002, o
Pintassilgo ressurgiu já em carreira solo, com o CD Perfil, contando com músicas autorais e novas paródias. Salvo um ou
outro vídeo de zueira, o personagem permanecia adormecido, então o Doutor Poizé
foi uma forma de ressuscitar o espírito anárquico do velho Pintassilgo.
O Consultório
Esse blog nasce a partir de uma frustração.
Em 2014, eu, (que sou autor e também pesquisador de quadrinhos),
lanço uma graphic novel chamada Balada Sideral.
Por ter saído via editora (Bartlebee)
e também por seu tamanho (84 pgs.), considerei que seria oportuno tentar
divulga-la em diversos sites e revistas de quadrinhos. Mesmo que ela fosse alvo
de críticas pouco elogiosas, eu particularmente ficaria feliz pelo fato de ter
um feedback, de saber o
que funcionou ali e o que não foi tão eficaz.
Entrei em contato
com jornalistas diversos, blogueiros, pessoas da área, disposto a enviar para
eles minha HQ, e ver se conseguia uma resenha. Para minha frustração, as
respostas (apesar de educadas), foram escassas. Rolaram duas resenhas, uma
menção em lista, e não muito mais que isso.
A maioria desses profissionais tem prioridades e focos muito
distintos entre si. Boa parte deles mantém seus sites como hobby, o que
significa que não vivem deles. Sem contar que, por receberem muitos trabalhos,
não conseguem resenhar ou sequer abordar a maioria deles.
Enfim, se a
experiência não foi boa em relação a revista em si, foi muito útil para que eu
entendesse melhor o panorama do espaço crítico dos quadrinhos em nossa época.
E, a partir dessa compreensão, me veio a ideia de criar eu mesmo um site com
resenhas de HQs autorais nacionais, e contribuir para um fortalecimento do mercado dos quadrinhos no Brasil.
Essa também é uma
forma de dar um retorno extra-acadêmico para minha formação universitária.
Tenho mestrado e sou doutorando em letras, na área de teoria literária e
crítica de cultura. E minha tese (com previsão de defesa em 2016, pela UFJF)
envolve a discussão crítica a respeito de uma adaptação em quadrinhos que fiz
para trechos do romance Hilda
Furacão.
Apesar de ser autor
de quadrinhos, acho que esse exercício crítico será muito positivo. Além do que
exercitar esse formato crítico fora do ambiente acadêmico permite que alguns
saberes sobre o universo das HQs possam circular de maneira mais ampla, menos engessada
pelos jargões e maneirismos intelectuais.
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