tag:blogger.com,1999:blog-47634948516935296482024-02-07T21:53:29.808-08:00Bem vindo ao Consultório do Doutor Poizé Doutor Poizé é um personagem criado por Rafael Senra. Trata-se de um médico diferente: em vez de diagnosticar e prescrever pacientes, ele realiza consultas com personagens e conteúdos da cultura de massa. Revistas, filmes, discos... tudo isso irá figurar em nossos prontuários.
Aqui no Consultório do Doutor Poizé, vocês terão acesso a diversos diagnósticos sobre arte e cultura. Não precisa marcar horário e nem pegar guia em nenhum setor: é só chegar.Unknownnoreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-4763494851693529648.post-356921206172595392016-01-20T17:18:00.001-08:002016-01-20T17:27:47.186-08:00No Consultório: Privilégios (2012) e Teto Quadro Chão (2015), de Gus Morais <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm3IWv56-biwxonuaIFbNjefnGCtYOCs-q3tycxQ42PkEeJcij_raG_3sB72qxnXV4jAHdmYRR4fl-mgAr17gksqGr2eN31QN71y_FgoWSvINFyVKr_i9uy7eePmmIgqN3XYt6oc7zbytq/s1600/Receita2a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="335" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm3IWv56-biwxonuaIFbNjefnGCtYOCs-q3tycxQ42PkEeJcij_raG_3sB72qxnXV4jAHdmYRR4fl-mgAr17gksqGr2eN31QN71y_FgoWSvINFyVKr_i9uy7eePmmIgqN3XYt6oc7zbytq/s400/Receita2a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Depois de um pequeno
período de férias (na verdade, várias viagens, compromissos e percalços), o
DOUTOR POIZÉ retorna a seu consultório para iniciar as consultas de 2016. Para
marcar essa retomada, segue uma consulta dupla, com dois trabalhos de um mesmo
artista. Trata-se das HQs<span class="apple-converted-space"> </span><i>Privilégios
e Outras Histórias</i><span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span><i>Teto Quadro Chão</i>, do autor
paulista<span class="apple-converted-space"> </span><b>Gus Morais.<u1:p></u1:p></b><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">O elo que une as
duas publicações, além de serem do mesmo autor, é o fato de que são publicações
independentes, com histórias curtas, e que coleta o material publicado no seu
blog <a href="http://www.gusmorais.com/">gusmorais.com</a>. (<i>PEOH<span class="apple-converted-space"> </span></i>cobre
as publicações de 2010/2012 e<span class="apple-converted-space"> </span><i>TQC</i><span class="apple-converted-space"> </span>as de 2012/2015).<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Ler os dois
trabalhos é uma oportunidade interessante de acompanhar o desenvolvimento da
abordagem artística de Gus, além da maturidade e do domínio do ofício que vai
se revelando ao longo da sua trajetória. Fica bem nítido o desenrolar de um
processo criativo e das tomadas de decisões que o levam em direção a uma
assinatura autoral.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">No princípio, tudo
era caos, no melhor dos sentidos:<span class="apple-converted-space"> </span><i>Privilégios...<span class="apple-converted-space"> </span></i>experimenta diversas saídas
gráficas, diferentes traços, paletas de cores, temáticas. Já<span class="apple-converted-space"> </span><i>Teto Quadro Chão,<span class="apple-converted-space"> </span></i>mesmo ainda distante do que
podemos chamar de “estilo próprio”, apresenta um foco mais preciso.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ1OiDTMFh55sNchJMSAty4kxtOguGSd1RuP47xaPR_lCsOz1f4VEhidqTG4yf3mppQ5DtyERV9FHYPd2w0bYnK5TQN2re1YnjFe7oN1NZmBiV0f6WcuPPkPeSijTpQd0Y_Vk3O2xw8mYf/s1600/privil%25C3%25A9gios.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ1OiDTMFh55sNchJMSAty4kxtOguGSd1RuP47xaPR_lCsOz1f4VEhidqTG4yf3mppQ5DtyERV9FHYPd2w0bYnK5TQN2re1YnjFe7oN1NZmBiV0f6WcuPPkPeSijTpQd0Y_Vk3O2xw8mYf/s640/privil%25C3%25A9gios.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Na verdade, entre a
variação e o foco, existe algo que seja certo ou errado? Se pensarmos de
maneira geral, tanto quem elabora um trabalho mais eclético quanto quem tem um
foco mais delimitado perde e ganha em alguma medida. Os jovens artistas
costumam ousar mais, mas em determinado momento existe uma expectativa de que a
escolha seja feita. Há o tempo das descobertas e o tempo das das
singularidades. Existiria um prazo para cada um deles?<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">E será que é mesmo
necessário escolher? Lembro aqui a letra de um antigo hit do Rush, <i>Freewill</i>: “não escolher pode ser uma
escolha”. Ao que parece, Gus Morais tem deliberadamente adiado o derradeiro
momento da singularidade, sem que isso comprometa seu trabalho. Na verdade, é
muito interessante ver como ele passeia entre diferentes técnicas e abordagens.
Por um lado, o artista ganha com o acúmulo de experiências que vem da falta de
uma zona de conforto; e, por outro, o público leitor se mantém surpreendido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Boa parte das
histórias de Gus lidam com uma matéria prima simbólica, funcionando como se
fossem metáforas psicológicas de vários fenômenos familiares da vida. Histórias
como “Consumido” ou “99% das Coisas do Mundo” funcionam nessa sintonia, e me
lembrou um pouco as alegorias de obras como <i>The
Wall</i>: a cena em que os estudantes caem na máquina de moer carne poderiam
figurar tranquilamente nas duas HQs resenhadas nessa consulta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Gus assume um tom de
crítica à dinâmica da sociedade, ao <i>modus
operandi </i>do sistema; contudo, a forma do discurso que ele adota é quase
sempre poético. O roteiro das suas histórias é precioso, repleto de <i>insights</i> fantásticos e muito peculiares.
Mesmo quando não há texto (e há diversos trechos mudos, onde a ação é apenas
gráfica), o senso de narrativa e o sentido dos acontecimentos são bastante
elaborados.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">E a parte gráfica
funciona muito bem, passa o recado, sem virtuosismos ou excessos. As cores
assumem um papel bem importante na maior parte das histórias, mesmo aquelas que
apresentam paletas bem sintéticas. Em <i>Privilégios</i>,
o traço de Gus é mais limpo e mais primário, enquanto que <i>Teto Quadro Chão</i> tem uma pegada mais suja, mais sofisticada e
intensa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZC4XTe7DI_Wauc-SdK-3lzfrtfoZzuSzA6wvFBYui9F6QcyfA38azBDCpyPGt1ik71vtdTaWGF2nW7TV84_TzYaZ96Ds77d5fETumYKSLqwIk8sd6WW0m9MZHc5X0mNw-zcG_dl3ftbKG/s1600/capaweb.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZC4XTe7DI_Wauc-SdK-3lzfrtfoZzuSzA6wvFBYui9F6QcyfA38azBDCpyPGt1ik71vtdTaWGF2nW7TV84_TzYaZ96Ds77d5fETumYKSLqwIk8sd6WW0m9MZHc5X0mNw-zcG_dl3ftbKG/s400/capaweb.png" width="278" /></a></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Gus é um autor que pensa os quadrinhos de maneira integral. Desde o
roteiro, passando por todos os aspectos gráficos, como o layout das páginas, o
estilo do traço, a diagramação, o uso das fontes... Diante dos resultados, fica
evidente a imensa reflexão que se operou antes mesmo do trabalho começar. E o
resultado é poesia gráfica, uma dança onde texto, conceito e arte criam um
sentido outro, sempre instigante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Quanto a cada uma das histórias, a riqueza das abordagens e a vastidão
dos temas torna complicado a tarefa de dissertar sobre uma a uma. A resenha
ficaria um bocado grande. Mas tomo a liberdade de citar uma das histórias,
chamada <i>Privilégios - </i>que obviamente batiza o primeiro volume
(e o encerra). Ela é digna de nota por seu conteúdo extremamente pessoal, e que
só não emocionará aos leitores cujo coração já estiver um tanto quanto
petrificado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Diagnóstico: </span></b><span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;">Nesses dois trabalhos de Gus Morais, o leitor certamente encontrará
material de alto nível, com uma sensível e singular visão de mundo. Através das
metáforas críticas e poéticas do autor, compartilhadas conosco no suporte dos
quadrinhos, nós talvez não retornemos a enxergar as coisas da mesma maneira de
antes. Desses benefícios que a arte sincera e inspirada nos traz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx4oXclRFAzE0VV4_qP7UzKQ35jXWiogNo6MCL69s7j2sJAvp840sNSxFjmhv12JT8vJkUtIIAFWFwfQdmFZCtsCEVURrJlSyjx2VPSvf5FgjbKQSyqDi-c2_DhK7rpS_30DG4LcI9Z7yN/s1600/Assinatura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="125" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx4oXclRFAzE0VV4_qP7UzKQ35jXWiogNo6MCL69s7j2sJAvp840sNSxFjmhv12JT8vJkUtIIAFWFwfQdmFZCtsCEVURrJlSyjx2VPSvf5FgjbKQSyqDi-c2_DhK7rpS_30DG4LcI9Z7yN/s320/Assinatura.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4763494851693529648.post-87933111854245907862015-12-17T05:22:00.001-08:002015-12-17T05:25:07.918-08:00Tubos de Ensaio: Reflexões sobre o mercado de quadrinhos no Brasil<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdjHCkSSP_CEs8cjaDaOF-_gGJ5ZDMhGv5lcZECWqq3_FG4xVnSQ8sf8ua40uLOq5V2TlxwW2Yhj_pjd6JiX-yOMbLRxywDmQqDEG9MCrOv1KXUTFSqQW33hlKrZloz7nAifUpwocX3E7A/s1600/Tubo+de+Ensaio3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdjHCkSSP_CEs8cjaDaOF-_gGJ5ZDMhGv5lcZECWqq3_FG4xVnSQ8sf8ua40uLOq5V2TlxwW2Yhj_pjd6JiX-yOMbLRxywDmQqDEG9MCrOv1KXUTFSqQW33hlKrZloz7nAifUpwocX3E7A/s400/Tubo+de+Ensaio3.jpg" width="341" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Estreia no blog do Doutor Poizé uma
nova coluna, <b>Tubos de Ensaio</b>, onde o seu médico preferido irá tratar de maneira
mais livre sobre temas variados. Hoje, a consulta é sobre o mercado de
quadrinhos no Brasil. Ele existe? Se sim, o que fazer com ele? Quais as expectativas?
<br />
Não precisa pegar guia nem marcar horário, é só chegar.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"></span></i></div>
<a name='more'></a><i><br /></i>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Apesar das montanhas de dinheiro que os <i>comics </i>de super heróis proporcionaram à tantos empresários por todo
o século XX (e XXI), existiram muitos períodos de “vacas magras” no mercado de
quadrinhos dos Estados Unidos. Demissões massivas (que, as vezes, alcançavam
40% do departamento), vendas que oscilavam entre milhões de exemplares entre um
mês e outro, mais da metade das lojas de HQs quebrando no intervalo de um
semestre (todas essas informações podem ser conferidas detalhadamente em livros
como <i>A História Secreta da Marvel Comics</i>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Isso não é privilégio específico da indústria de quadrinhos.
Contudo, estamos falando do que talvez seja o mais rentável mercado de HQs do
mundo (falo aqui de orelhada, pois não comparei com os números de mercados como
o japonês, por exemplo – onde revistas tipo <i>Shonen
Jump </i>já venderam mais que o <i>New York
Times</i>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Todas essas indagações me levaram a pensar sobre o
incipiente mercado de quadrinhos no Brasil – que talvez poderíamos chamar mais
de “cena” que de “mercado”. Por mais que tenhamos evoluído em diversos aspectos
da escala da produção e distribuição das revistas (passando pelo acabamento
gráfico, o investimento de editoras em artistas nacionais, até o crescimento de
profissionais publicando trabalhos), acredito que estamos ainda muito longe de
consolidar uma indústria rentável e autossuficiente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A grande maioria daqueles que trabalham com quadrinhos ainda
não conseguem sobreviver dessa atividade. Ainda são poucas editoras investindo
no gênero. Temos poucos roteiristas, e quase sempre os desenhistas é quem
escrevem suas histórias. Existem poucas séries em andamento. Estes são alguns exemplos
de questões que afligem nosso precário mercado de HQs brazuca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">E o caso Maurício de Souza? Bem, reza a lenda que ele vive
mais do <i>merchandising </i>e licenciamento
dos personagens do que dos gibis (se for verdade, não sei se essa premissa está
atualizada, dado o fato de que sua linha da <i>Turma
da Mônica Jovem</i> vendeu bastante, sem contar as <i>Graphics MSP</i>). De todo modo, o caso do criador da Mônica é mais
exceção que regra por aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A meu ver, um investimento maciço na produção nacional deveria
ter sido feito há muito tempo. Isso talvez não teria apenas tirado o mercado de
quadrinhos brasileiro do caminho da estagnação, como poderia ter criado no país
uma cultura de se ler e consumir gibis, um hábito que seria passado de geração
para geração, como acontece em diversos países. Isso poderia ter sido feito há
algumas décadas, quando as vendas de HQs por aqui alcançavam cifras bem altas,
na casa das centenas de milhares. Contudo, a maioria dos autores – a despeito
de serem talentos notáveis, como Watson Portela ou Júlio Shimamoto – publicava como
podiam, com um apreço editorial que muitas vezes ficava bem aquém da grande
qualidade do trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Quando uma mídia deixa de fazer parte das experiências
comuns de uma sociedade, torna-se bem complicado depois cativar um público para
consumi-la. Eu particularmente fiquei muito chocado em dada ocasião, quando
mostrei a um amigo certa HQ que tinha acabado de publicar. Ao folhear a
revista, ele (que é mestre em letras, e atualmente é doutorando), me questionou:
“mas como funciona, lê-se assim mesmo, da esquerda pra direita”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Não sei se esse amigo estava querendo bancar o dramático,
mas episódios como esse, em um grau menor de desinformação talvez, acontecem
vez ou outra. E não me refiro só a desententimentos como “o Superman é da
Marvel ou da DC?”, e sim questões relativas à mídia dos quadrinhos. Algo mais
próximo da famigerada questão: “quadrinhos são coisa pra criança?”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Enfim, não sei se assumi o tom certo com esse ensaio, que
pode parecer um lamento sobre as chances desperdiçadas para se sedimentar um
verdadeiro mercado de quadrinhos no Brasil. A meu ver, com boa vontade dos
editores, isso poderia sim ter sido feito, ter fomentado carreiras, criado
gerações de leitores e autores, e um hábito de consumo de HQs. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Contudo, otimista que sou, acho que, mesmo tardiamente, é
possível investir nessa ideia. E temos dado passos largos nesse sentido. Na
verdade, diante de tantos autores publicando trabalhos de altíssimo nível, arrisco
dizer que possivelmente nunca demos tantos passos nesse sentido. Mas isso é
assunto para outro post. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx4oXclRFAzE0VV4_qP7UzKQ35jXWiogNo6MCL69s7j2sJAvp840sNSxFjmhv12JT8vJkUtIIAFWFwfQdmFZCtsCEVURrJlSyjx2VPSvf5FgjbKQSyqDi-c2_DhK7rpS_30DG4LcI9Z7yN/s1600/Assinatura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx4oXclRFAzE0VV4_qP7UzKQ35jXWiogNo6MCL69s7j2sJAvp840sNSxFjmhv12JT8vJkUtIIAFWFwfQdmFZCtsCEVURrJlSyjx2VPSvf5FgjbKQSyqDi-c2_DhK7rpS_30DG4LcI9Z7yN/s400/Assinatura.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4763494851693529648.post-70912038490403805202015-12-14T18:21:00.002-08:002015-12-14T18:24:47.105-08:00No Estetoscópio: Beatles#1 (o novo DVD e Bluray com clipes do fab four – 2015)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHB-0xS-YPAcJruDoOP5ugfqYYWrOgYNrHmJOGk_jg7rh0HrwMg3b5NMbTyV6aTwOcUsIyG5cMZvvdhIUgsvA8amF86dsJwnPJdxUZrTAn6vYnYzwAQKMjIM2I6xpeHfOMKSRjnJax0EtG/s1600/Receita2a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="335" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHB-0xS-YPAcJruDoOP5ugfqYYWrOgYNrHmJOGk_jg7rh0HrwMg3b5NMbTyV6aTwOcUsIyG5cMZvvdhIUgsvA8amF86dsJwnPJdxUZrTAn6vYnYzwAQKMjIM2I6xpeHfOMKSRjnJax0EtG/s400/Receita2a.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Tudo bem
que os <b>Beatles</b> eram ótimos no que se
propunham. Mas, de gente boa, a história do pop está cheia. Poucos, porém,
podem se gabar de serem as pessoas certas, e estarem no local e na hora certa. Talvez
o principal ingrediente responsável por fazer deles a maior banda de todos os
tempos tenha sido mesmo o fato de terem surgido num <i>piscar de olhos</i> do tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"></span></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Eles
despontaram entre a 2ª Guerra e a Guerra Fria. Entre os filmes preto-e-brancos
e os coloridos. Entre o engatinhar da indústria musical e a era dos <i>popstars. </i>Antes deles, havia a luta pela
sobrevivência e um conservadorismo cujo foco era fortalecer as instituições
tradicionais – estado, família, igreja, etc. Depois, houve o <i>boom </i>da sociedade de consumo do
pós-guerra, vendendo sonhos (entretenimento, na verdade), revendo valores
morais rígidos, se divertindo, e gastando muito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Ao longo
dos vários clipes contidos nesse DVD, podemos acompanhar como eles lidaram com o
fato de estarem espremidos entre duas eras de valores tão diferentes. Na
primeira fase da banda, chamada de ie-ie-ie (devido a esse grito de guerra
estar presente em diversas das músicas), é ótimo ver os rapazes se divertindo,
fazendo troça de tudo e de todos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ_VzbfNGKGAsyymhw1vPteRJPOgpuZs9u8OMS40f5XYmvY2f8phDiX0yBrBL-tU2F1ePmlRHn3t_PpSOmObaVO4x0w4fwHQRoH09-gDSmE8bs1KqIYgCubJXLLUdhnsZezO7sqGAh6U6D/s1600/beatles20082013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ_VzbfNGKGAsyymhw1vPteRJPOgpuZs9u8OMS40f5XYmvY2f8phDiX0yBrBL-tU2F1ePmlRHn3t_PpSOmObaVO4x0w4fwHQRoH09-gDSmE8bs1KqIYgCubJXLLUdhnsZezO7sqGAh6U6D/s640/beatles20082013.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: 14pt;">A banda
parece muito à vontade, muito coesa, unida. Os quatro rapazes, com o mesmo
penteado e roupa, rindo uns para os outros, funcionando como um único organismo.
O auge é o clipe de </span><i style="font-family: Helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">We Can Work It Out</i><span style="font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: 14pt;">,
onde </span><b style="font-family: Helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">John Lennon</b><span style="font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: 14pt;"> finge tocar um orgão, e a partitura é a foto de um palhaço
fazendo careta. </span><b style="font-family: Helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">Paul McCartney</b><span style="font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: 14pt;">, que segura o riso ao longo de todo o clipe, não aguenta
quando, no fim, Lennon passa o pé nas teclas, escancarando a óbvia dublagem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O único
parâmetro que eles tinham do <i>star system </i>eram
os filmes de <b>Elvis Presley</b>. Não havia ainda esse culto ostensivo à celebridade,
o frisson exagerado, os videoclipes, as turnês mundiais, a necessidade de
vender polêmicas para se manter vivo no <i>showbusiness</i>.
Não houve ninguém para dizer aos quatro meninos ingênuos de Liverpool que eles
deveriam se levar a sério. Claro que seria um conselho inútil para
aquelas almas tão jovens e insubordinadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij2EmHa75kS7ZwAwFCJk3qiyWwARO_IkjiQtAcNRk53HSI4I3PNs52-r6RbT1XAG872HbWrmDLfyTOfv2RAAKfPg9IiJTvxFF2FawhyS_u6UqNEcIA8eqUc0_-HHw5MMIXWCjPCAb_KqzB/s1600/beatles-20120601134055531727-600x400.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij2EmHa75kS7ZwAwFCJk3qiyWwARO_IkjiQtAcNRk53HSI4I3PNs52-r6RbT1XAG872HbWrmDLfyTOfv2RAAKfPg9IiJTvxFF2FawhyS_u6UqNEcIA8eqUc0_-HHw5MMIXWCjPCAb_KqzB/s640/beatles-20120601134055531727-600x400.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">Quando a
fase psicodélica se anuncia, as risadas e o escárnio são substituídos por uma
pose meio </span><i style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">blasé - </i><span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">ainda que, pouco
antes dos cortes da câmera, seja possível flagrar risadinhas por trás dos
bigodes. Por fim, já no final, clipes como </span><i style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">Get
Back </i><span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">revelam a banda já trincada. Parte deles estava entediada com essa história
de fama e de mitificação – Lennon iria destruir o mito </span><i style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">beatle </i><span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">pouco tempo depois com sua música </span><i style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">God, </i><span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">e </span><b style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">George Harrison</b><span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;"> nas últimas imagens era a encarnação do
enfado. Do outro lado, estavam Paul McCartney, com seu ímpeto de liderança e
seu gozo pelo aplauso, e </span><b style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">Ringo Starr</b><span style="font-family: helvetica, sans-serif; font-size: 14pt;">, o soldado eternamente fiel.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A
maioria desses clipes são velhos conhecidos, apresentados ao longo dos anos em
programas de TV, documentários, e mesmo no you tube. A diferença está na
textura em HD, na restauração da imagem e do som, no tratamento de alta
qualidade em que eles agora são embalados. Ainda assim, há algumas novidades,
como a mistura de <i>Within You Without You</i>
com <i>Tomorrow Never Knows</i> (extraída do
CD <i>Love, </i>lançado como trilha do <i>Cirque Du Soleil</i> em 2006, que acabou
ganhando um clipe psicodélico bem legal).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHQiExNZRN8b-I5Oy-VU0Hh767VoAcjctvDx3DSMr4WE_3646x0hFFacdzvuGHty4I6HJG2UXAfSJB9_3EKoLLdtCfUKQh3YTHMnHfI7HHLHz10GRmCKw3vCVqdhLPvPrlvCzhTUMqk3_x/s1600/product_04_sq.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHQiExNZRN8b-I5Oy-VU0Hh767VoAcjctvDx3DSMr4WE_3646x0hFFacdzvuGHty4I6HJG2UXAfSJB9_3EKoLLdtCfUKQh3YTHMnHfI7HHLHz10GRmCKw3vCVqdhLPvPrlvCzhTUMqk3_x/s400/product_04_sq.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Diagnóstico</span></b><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">: <i>Beatles#1 </i>é uma ótima maneira de imergir no legado da maior e mais
premiada banda da história, e entender o que representou seu surgimento em uma
esquina temporal, localizada na curva de duas eras. Naquele ponto do espaço e
do tempo, o vocabulário da música pop foi, enfim, lapidado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Pena que
esse DVD e Bluray, mesmo sendo duplo, não caiba mais canções do grupo, cuja
parcela relevante do seu repertório integral é enorme (difícil é escolher quais
as músicas fracas nos seus oito anos de existência).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8MF3tIqemoezSd54jOGiJZiLJf4rdm4OLG3cAMv5zMyoPBWtso0WwQbjNcPgsaaoOYJ2tdmR0isQSCwjjWKJuwAwM9wVIuHOKx5gScPnEj-6rWSoXACt9ydQZdXeOdTFtgOKo-d1M2_iy/s1600/Assinatura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8MF3tIqemoezSd54jOGiJZiLJf4rdm4OLG3cAMv5zMyoPBWtso0WwQbjNcPgsaaoOYJ2tdmR0isQSCwjjWKJuwAwM9wVIuHOKx5gScPnEj-6rWSoXACt9ydQZdXeOdTFtgOKo-d1M2_iy/s400/Assinatura.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4763494851693529648.post-39033304556503495712015-12-09T05:21:00.001-08:002016-01-20T08:05:42.760-08:00No Estetoscópio - A Skin Too Few (documentário sobre Nick Drake, 2002)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWbOGEwrgme9gLJVGfDwLUosMsKy81z6695Ky7oPnjLZpdVE5ObPq3uj4Ax8Atjz6Yow6VSroR28nn8tbsYRE4MrNGMC9Na1hyW8UtBUJLWg4MF4gy0ajXVfVESspMeX5yT3NSinzvlDg7/s1600/Receita2a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="536" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWbOGEwrgme9gLJVGfDwLUosMsKy81z6695Ky7oPnjLZpdVE5ObPq3uj4Ax8Atjz6Yow6VSroR28nn8tbsYRE4MrNGMC9Na1hyW8UtBUJLWg4MF4gy0ajXVfVESspMeX5yT3NSinzvlDg7/s640/Receita2a.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">O documentário <b><i>A Skin To Few</i></b> foi
traduzido como “uma pele a menos”. Mas, se tratando de uma obra dedicada ao
compositor britânico <b>Nick Drake,</b> me
pareceria mais adequado aludir à ideia de uma pele fina, curta, talvez escassa.
Ainda sobre o nome do filme, vale dizer que, diferente de vários documentários
de músicos e poetas – onde os títulos remetem a alguma frase ou imagem típica
da obra do documentado – essa metáfora da pele vem de um poema de Molly Drake,
mãe de Nick, sobre seu filho (spoiler não comprometedor: é o momento que fecha
o documentário, e pode fazer chorar as almas mais sensíveis).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A relação familiar de Nick é essencial
para o documentário, uma vez que, aparentemente, não há muito mais a se dizer
sobre ele. Seu legado documentado é o sonho de muitos artistas mais arredios,
da estirpe de um Salinger: Nick Drake existe como uma voz poética, existe
dentro de suas músicas. O vazio em torno de Drake está para o folk inglês assim
como <b>Robert Johnson</b> está para o blues americano. A falta de registros em vídeo,
a escassez de fotos e entrevistas, tudo isso acaba inevitavelmente colocando a
obra nos holofotes. A pessoa por detrás não passa de uma imensa lacuna. Há
algumas poucas correspondências, e só.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Assim, o documentário resgata as vozes
dos familiares de Nick, entrevistas com os seus pais, e, principalmente, sua
irmã <b>Gabrielle Drake</b>, cuja presença e dicção revelam-se imprevisivelmente
magnéticas. Podemos reconhecer nela a mesma beleza do falecido irmão, e, a
partir de sua presença, deduzir e imaginar muito da sagacidade, inteligência e
charme que Drake deveria ter. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Da mesma forma, quando Gabrielle toca
uma fita cassete de sua mãe Molly tocando piano, reconhecemos muito da lírica e
das harmonias que fariam Nick soar tão original. Por todos esses depoimentos e
recordações familiares, podemos, em algum nível talvez inconsciente, montar uma
ínfima parte do quebra cabeça que é Nick Drake. Ele é lacunar, e não apenas por
sua morte precoce, mas também por seu silêncio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/NVkimezEUsM/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/NVkimezEUsM?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , sans-serif; font-size: 14pt;">Gabrielle conta que chegou a morar com
o irmão em Londres durante um tempo, e, certo dia, ele simplesmente entra no
quarto da irmã, e mostra a ela a capa do disco que gravou. Ao longo do filme, é
possível deduzir que os discos de Nick representam seu projeto de vida, o
sentido de suas ações. Contudo, ao apresentar o resultado disso para a irmã,
ele simplesmente diz “aqui está”. E ela, que desconhecia completamente que o
irmão gravava um disco, fica entre pasma e deslumbrada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Os três discos que Nick lança em vida
seguem um pouco da instrumentação e do clima folk da época, com muitos
instrumentos barrocos, cordas, bateria e baixo em alguns momentos. Mas o clima
soturno atemporal, marca registrada de suas canções, acaba acentuado pelos
produtores. Foi interessante perceber que o produtor dos discos de Drake é <b>Joe
Boyd</b>, que também produziu o <b>Pink Floyd </b>nos seus primeiros dias. Antes de ter
contato com Nick, Boyd já teve que lidar com outro compositor amargurado e
auto-destrutivo, <b>Syd Barrett</b>. Ainda assim, ele reconhece que não teve o devido
tato para aconselhar e dizer algo positivo para o autor de <i>Pink Moon</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Ao que parece, Nick se distanciou
demais do mundo real, das pessoas ao seu redor, e passou a conviver
exclusivamente com as vozes em sua cabeça, a viver dentro de sua arte. Os
relatos de conhecidos nos mostram alguém distante, solitário, que era flagrado
as vezes olhando para a parede, ou tocando o mesmo acorde no violão por horas a
fio. Uma tentativa de turnê acabou se tornando um desastre total. Nick parecia
incapaz de gerenciar a própria vida, e de cumprir com as demandas e a agenda
que uma vida concreta exigem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Outro momento arrepiante é quando sua
irmã compartilha uma das falas de Nick, pouco antes de morrer, onde ele se
lamentava sobre o desejo de querer que sua obra alcançasse pessoas que realmente
precisavam de alento. Em parte, sua tristeza vinha do fato de que seus discos
pareciam estagnados, e ele não encontrava forças para ser o divulgador que sua
obra merecia. Apenas sua morte precoce - e o mito que foi erigido a seu redor - foram capazes de fazer circular seu trabalho. Hoje em dia, ele é reconhecido
como um dos grandes compositores do séc. XX, e seus três discos costumam ser
incluídos nas listas de melhores de todos os tempos de revistas como <i>Rolling Stone</i> e <i>TIME.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Diagnóstico: </span></b><i><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A Skin Too Few </span></i><span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;">é
um belo retrato de uma alma desconhecida, que podemos captar através de ecos,
mas nunca ouvir diretamente. O que chega a nós é pura poesia, as vezes
melancólica, mas sempre arrebatadora e sublime. A obra evita o tom meramente
documental, jornalístico, optando por uma dicção poética. Assim, o que o filme
perde em aspectos históricos e cronológicos, ganha em beleza. Tal opção do
diretor Jeroen Berkvens é totalmente fiel à vida e obra de Drake. O fim do
filme, com o já citado poema de sua mãe, seguido de uma tomada bucólica das
árvores vistas de cima (ao som da balada <i>Northern
Sky</i>) é um assombro de beleza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCdZoU_KNTodagQwHfew5d_Ph7vZxA4AQWye0dYXUOT-bMJ3kPB3EJPI_ua7gWLdJ0gBLbwZvbIas3I6MhgGDu1V9675ZKwKdCrs0V_uBCAH69jDV8j-nZNzRIQERyeHJ2UBKlDmMgOgqY/s1600/Assinatura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCdZoU_KNTodagQwHfew5d_Ph7vZxA4AQWye0dYXUOT-bMJ3kPB3EJPI_ua7gWLdJ0gBLbwZvbIas3I6MhgGDu1V9675ZKwKdCrs0V_uBCAH69jDV8j-nZNzRIQERyeHJ2UBKlDmMgOgqY/s400/Assinatura.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4763494851693529648.post-65732787393173073792015-12-04T17:23:00.000-08:002015-12-04T17:24:58.083-08:00No Estetoscópio: Roger Waters The Wall (2015)<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP4mIBxBoF-IFoHibLvFInNcXgMNiJBs99T2Oh9o_2QR1Pfz3HnyJeAjgTEeo6_51XVJFxDY_WAUQB2iFJ-jHhkKnyNkZDJ6CzQIGU-YMTwEO75W2vIcCcJhtIPfwjN2vMdDrMbkdVinpZ/s1600/New+Canvas.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP4mIBxBoF-IFoHibLvFInNcXgMNiJBs99T2Oh9o_2QR1Pfz3HnyJeAjgTEeo6_51XVJFxDY_WAUQB2iFJ-jHhkKnyNkZDJ6CzQIGU-YMTwEO75W2vIcCcJhtIPfwjN2vMdDrMbkdVinpZ/s320/New+Canvas.jpg" width="320" /></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span>
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Estou ainda absorvendo o impacto de
assistir a recriação de <i>The Wall </i>feita
por idealizador e, praticamente, o criador maior da criatura, senhor <b>Roger
Waters</b>. De fato, essa nova versão do espetáculo surpreenderá o espectador
desavisado, que acredita que o ex-Pink Floyd apenas atualizou a obra de 1979
com recursos do presente. A resposta é: sim, e não.</span><span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt; line-height: 107%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"></span></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Se nos voltamos para o aspecto sonoro,
podemos ouvir muito da obra original ali. Apesar de alguns detalhes e mesmo
algumas faixas novas (como uma balada feita para o brasileiro <b>Jean Charles de
Menezes</b>), a maior parte das músicas tenta reproduzir os arranjos e timbres do
disco duplo de estúdio. Por outro lado, o aparato tecnológico introduz um
elemento visual tremendamente inovador, tanto no aspecto de produção, quanto no
próprio conceito de <i>The Wall. <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Se, tanto no disco de 79 quanto no
filme feito por Alan Parker em 82, a narrativa trata de um rock star
atormentado pela adulação e idolatria à seu redor, o <i>The Wall </i>do século XXI retoma e escancara um dos ganchos já
presentes no original: a perda de uma perspectiva emocional pela qual passam as
vítimas (diretas e indiretas) das intervenções militares do estado. Essa nuance
do filho órfão de um soldado morto no <i>front
</i>já tinha servido como mote principal para <i>The Final Cut </i>– inclusive, muitos dos elementos autobiográficos do
último disco de Waters com o Pink Floyd foram retomados no novo trabalho
recriado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMEU_f_hiQgpWgAgNJJ-uCd-XCta9A03BKVbIJLrdey1aHGZLpxmfMua6-NStxPxVtG6aenopek4GdbMcri_ykkm4z6PHauWDghTCtHaughfbgD2_xnPGbD3ePpyqpcf3JhpsNad2LE80B/s1600/1401x788-ROGER_WATERS_1.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMEU_f_hiQgpWgAgNJJ-uCd-XCta9A03BKVbIJLrdey1aHGZLpxmfMua6-NStxPxVtG6aenopek4GdbMcri_ykkm4z6PHauWDghTCtHaughfbgD2_xnPGbD3ePpyqpcf3JhpsNad2LE80B/s640/1401x788-ROGER_WATERS_1.jpg" width="640" /></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O filme oscila entre cenas de vários
shows da turnê <i>The Wall – </i>feita entre
2010 e 2013, e<i> </i>que foi a mais lucrativa
turnê do mundo em 2012 – e cenas de Waters visitando os túmulos de seu pai e
seu avô (o primeiro, morreu lutando na 2ª Guerra Mundial; e o outro, na 1ª).
Tanto as cenas extra-show quando as novas imagens projetadas no imenso muro que
perpassa o palco da turnê envolvem críticas sobre as guerras e as intervenções
militares. A partir da dor causada por sua experiência pessoal, Waters erige um
libelo musical contra à violência – destacando o atual contexto de xenofobia,
terrorismo e ataques das grandes potências à países do oriente médio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Geralmente, filmes de turnês de
artistas diversos envolvem cenas de shows, entrecortadas por tediosas e toscas
filmagens de bastidores, com direito a brincadeiras de camarim, piadas
internas, e constrangimentos diversos (encontros entre o artista e políticos
locais, choques culturais, etc.). Bem, acho que todo o marketing feito no
lançamento deste novo <i>The Wall </i>deixou
claro que não é o caso aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Waters e o co-diretor Sean Evans
realmente fazem um filme, dirigido em seus mínimos detalhes. As cenas internas
e externas são todas costuradas por um olhar estético burilado, com cada
ângulo, cor e enquadramento milimetricamente estudados. Logo fica claro que,
para alcançar tal resultado nas cenas em que o baixista dirige por paisagens
francesas e italianas, há muito de encenação ali. A edição com múltiplas
câmeras e os <i>travellings </i>presentes
nos diálogos com diversas pessoas deixam claro que não há nada espontâneo
nesses trechos. E muito menos no show, que parece ter sido ensaiado não só no
aspecto musical, mas também na pose e, principalmente, na sincronia entre os
instrumentos e as intervenções visuais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxqwu-y1V_nxKyvpB_q35WHAsvBvawIMsrokLb2JAgDK3zc4QewL2_zEzyJXuGuUD17Bsg1uT4NFZ7PU9IrsKULfMLVon3zRbpviok8ZU1ADZwa4dDeWfwt5G82k_yqU6EzHg2DlGNu-XY/s1600/roger-waters-the-wall-lead-still.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxqwu-y1V_nxKyvpB_q35WHAsvBvawIMsrokLb2JAgDK3zc4QewL2_zEzyJXuGuUD17Bsg1uT4NFZ7PU9IrsKULfMLVon3zRbpviok8ZU1ADZwa4dDeWfwt5G82k_yqU6EzHg2DlGNu-XY/s640/roger-waters-the-wall-lead-still.jpg" width="640" /></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">As imagens projetadas no muro são
impressionantes, e confesso que nunca havia visto um show funcionar de maneira
tão impecável com algo dessa magnitude. <i>The
Wall </i>não se tornou “o” show de 2012 a toa: ele simplesmente inaugura um
alto nível de produção para mega shows, que vai demorar pelo menos uns dez anos
para ser alcançado pelas demais bandas e artistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Além do conceito da crítica à guerra,
acredito que dois elementos foram capazes de costurar, de maneira eficaz, essas
duas dimensões do filme (cenas de show e cenas de viagem). Um deles é o caráter
teatral, muito evidente no show, e também presente nas cenas externas (sobretudo
quando Waters tem “visões” estranhas entrecortando o que supostamente seria uma
filmagem de tons realistas). O outro é a grandiloquência, característica
costumaz na obra do ex-Floyd, e que, nesse filme, se encontra profundamente
intensificada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Não bastasse sobrepor sua história
pessoal ao drama central do filme, Waters acaba não assumindo o menor pudor em
se colocar como um protagonista onipresente, para além da mera presença física. Desde
a cena em que ele chora ao ler um depoimento de guerra, passando pelo dueto que
faz consigo mesmo no palco (sim, graças à tecnologia, o Waters do séc. XXI
canta com sua versão de 1980 projetada no muro), até uma pitoresca cena onde
ele tenta contar para um garçom francês (que não fala sua língua) como seu pai
morreu na guerra. Contudo, se os detratores do ex-líder do PF tem hojeriza de
sua egolatria, seus admiradores certamente irão apreciar a maneira grandiosa
com que ele afirma a si mesmo e sua obra ao longo do filme.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6IK6y9k9aDlLI_XgCvkMCdWKNIN8vNdJxx6qFwX8uvAg58oB7Pe7oOhV5ztnLg7TzTWXEa3CwpUB7N-emT-DlLh7x5_cvpLjUIZ-G0h82RTJq0BA_Co-gVNv7YTmSUqtI1Rq7BbkZIufA/s1600/1035x690-GettyImages-113842721.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6IK6y9k9aDlLI_XgCvkMCdWKNIN8vNdJxx6qFwX8uvAg58oB7Pe7oOhV5ztnLg7TzTWXEa3CwpUB7N-emT-DlLh7x5_cvpLjUIZ-G0h82RTJq0BA_Co-gVNv7YTmSUqtI1Rq7BbkZIufA/s640/1035x690-GettyImages-113842721.jpg" width="640" /></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Diante disso, é importante pensar que <i>The Wall </i>é uma obra que se leva a sério,
incorrendo em todos os vícios que fizeram o rock progressivo ser atacado pelo
punk em meados dos anos 70. O aspecto pomposo e afetado assumido em todo o
trabalho parecerá artificial para alguns. Mas devo dizer que não há nada de
anacrônico nessa nova recriação de Roger Waters. Primeiro, pela sua corajosa
temática, que não poupa os grandes estados nacionais de generosas e justas
críticas. Depois, por não ter receio de retomar todo o vocabulário onde suas
composições melhor brilham (sem contar que, a partir de 2010, o gênero
progressivo tem tido uma considerável redescoberta pelas novas gerações). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">São poucos artistas do mercado de massa
apontando a triste vocação dos estados nacionais em afirmar sua hegemonia a
qualquer custo – como disse Zygmunt Bauman, os estados-nação não guardam espaço para um “outro”, apenas para os seus, preferindo aniquilar qualquer entidade que questione sua legitimidade
intrínseca. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O absurdo da guerra não é um tema que parece comover a longa e
barulhenta festa do <i>showbusiness – </i>exceto
quando se trata de artistas como Roger Waters (além de uma curta, porém seleta
lista, que envolve gente como Crosby, Stills, Nash & Young; Morrissey, e
alguns poucos). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Diagnóstico</span></b><span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14pt; line-height: 107%;">: é um filme
longo, que pode parecer cansativo, uma vez que pretende mostrar tanto o show na
íntegra (de um disco duplo) como cenas de bastidores. Porém, a densidade da
obra é bela, legítima, bem estruturada, e agradará em cheio aos fãs da lírica
de Waters e do Pink Floyd.</span><span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"> </span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4763494851693529648.post-7935925337079491462015-12-03T18:02:00.003-08:002015-12-04T17:23:55.574-08:00No Consultório: Skazki (de Fabiano Barroso e Piero Bagnariol, 2015).<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqhcRykaWid5UvGVmtfyOWDeEeymA7RuCreMdLcXxW4nUsLLI3P1Sj78xg6xZekh7pXO-PlNrwvBa0wVjH6bntRGeMIw1jkmasortr968CNRtpgRniDs1XwwNB9aJQ-LjnVFgWJ-AmuZvc/s1600/Skazki.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqhcRykaWid5UvGVmtfyOWDeEeymA7RuCreMdLcXxW4nUsLLI3P1Sj78xg6xZekh7pXO-PlNrwvBa0wVjH6bntRGeMIw1jkmasortr968CNRtpgRniDs1XwwNB9aJQ-LjnVFgWJ-AmuZvc/s320/Skazki.jpg" width="320" /></a></span><br />
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">De
acordo com os próprios autores, <i><b>Skazki</b></i>
é um zine – pelo menos é a informação que fisguei no blog da <i>Graffiti 76% Quadrinhos</i>. Para quem não
sabe, a Graffiti foi uma das mais importantes revistas nacionais, responsável
por revelar e divulgar diversos autores independentes. Foram 23 edições, de
1995 a 2012, até que os editores resolvessem partir para novas empreitadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">Citar
a Graffiti aqui faz todo sentido, uma vez que <i>Skazki</i> tem a intenção de celebrar os vinte anos da antiga revista.
<b>Fabiano Barroso</b> e <b>Piero Bagnariol </b>são seus fundadores, autores também da graphic
novel <i>Um Dia Uma Morte</i> (que já
adquiri com o próprio Fabiano e em breve irei “diagnosticar” no Consultório). E
eles se uniram novamente para fazer as três histórias presentes nesse volume.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">Como
disse lá em cima, trata-se de um zine – ou fanzine, termo tido por alguns como
desgastado, e que parece ser sinônimo de revista amadora. Contudo,
pesquisadores como <b>Gazy Andraus</b> e <b>Henrique Magalhães</b> são só alguns dos nomes
que tem feito palestras e mesmo livros resignificando o sentido por trás desse
tipo de publicação (a própria Graffiti, que muitos achavam ser um fanzine,
ajudou a enterrar a ideia de que se tratava de um formato pouco profissional,
graças a sua ótima qualidade gráfica e editorial).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">Quanto
às histórias, tratam-se de adaptações de contos literários antigos. Todos
russos, algo fácil de notar tanto pelo nome da revista (Skazki quer dizer “histórias”,
ou “contos”, ou “contos de fada”) quanto pela capa de Daniel Bueno
(originalmente publicada no livro <i>Russian
Avantgarde</i>). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoYDPcGiHH0vnLP76mJpoG7XfsZtG9a_N7LvPR3kXOJJtgpbXN5L92nwUyHJ-zMsSRM_SuG4JzRvy7HaLIKauONBK7oFQrHGdhK0mHF7tWzPcx5ccTRk7gTR7okXsguf413ebLzcDy9LST/s1600/Skazki_capa.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoYDPcGiHH0vnLP76mJpoG7XfsZtG9a_N7LvPR3kXOJJtgpbXN5L92nwUyHJ-zMsSRM_SuG4JzRvy7HaLIKauONBK7oFQrHGdhK0mHF7tWzPcx5ccTRk7gTR7okXsguf413ebLzcDy9LST/s320/Skazki_capa.jpg" width="269" /></a><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">Os
contos adaptados são: “Um Crime Premeditado”, de <b>Anton Tchekhov</b>; “O Círculo
Luminoso”, de <b>Helena P. Blavatsky</b> e “Pássaro
de Fogo”, de autoria indefinida (este último, reescrito e ilustrado por
Fabiano).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">A
adaptação de Tchekhov, feita por Fabiano, ressalta o tom de humor já a partir
do belo traço caricato, dialogando de maneira eficaz com o conto original. Já
na adaptação de Blavatsky feita por Piero, o traço é sóbrio, adequado para o
tom enigmático e místico da obra da autora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">A
obra fecha com o ótimo artigo “Adaptação literária em quadrinhos: um retweet
pra lá de criativo”, de <b>Fernanda Isabel Bitazi</b>. Ali, ela retoma discussões de
Linda Hutcheon e Paulo Ramos para tratar das adaptações literárias no formato
de HQ – tema, por sinal, sobre o qual Fabiano Barroso também pesquisa, com artigos
publicados em livros como <i>Clássicos em HQ
</i>(editora Peirópolis, 2013).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt;">A
revista é editada pela dupla, com 42 páginas, aparentemente num papel pólen, e
impressa no método da risografia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "helvetica"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><b>Diagnóstico</b>:
apesar de se apresentar como um <i>zine, </i>numa
publicação aparentemente despretensiosa, Skazki é um trabalho de alto nível,
muito bem feito e editado. </span>Unknownnoreply@blogger.com0